Especialista em desenvolvimento humano explica por que as startups vem crescendo na preferência dos profissionais em início de carreira
Susanne Anjos Andrade -na coluna “Desenvolvimento Humano na Era 4.0
10/07/2019 às 11h00
Segundo um estudo realizado no começo do ano pelo Investimentos Canary, atualmente, cerca de 37% dos estudantes brasileiros querem um emprego em startups. A pesquisa foi realizada com 350 alunos que estudam em grandes Universidades do país. Mas quais são os motivos de a nova geração optar por esse estilo inovador de empresas?
São muitas causas que levam a essa tendência, entre elas estão a ambição e a vontade de crescer rapidamente. Há alguns anos, um jovem recém-formado inscrevia-se em um processo seletivo para trainee em uma grande empresa e lá ficava por muitos anos, subindo degrau por degrau. Hoje, as coisas mudaram. A agilidade tomou conta de nossas rotinas e os jovens têm cada vez mais pressa em “chegar lá”. Já parou para pensar que, antes, ficávamos semanas esperando o próximo capítulo daquela série que tanto amávamos e, hoje, acessamos a Netflix e todas as temporadas já estão lá, disponíveis?
Em meio a aceleração, as startups nasceram e estão ganhando cada vez mais espaço nos mercados. Elas são empresas inovadoras que têm como intuito criar modelos pioneiros de negócio, a maioria delas na área de tecnologia. Mas como já existem milhões de startups, muitas, também migraram para o setor financeiro e de educação. E o que elas apresentam de tão atrativo para a geração atual?
Além da vontade de crescer na carreira, como citei acima, para trabalhar em um determinado local, o jovem quer estar alinhado com o propósito da empresa, ou seja, concordar com a missão, visão e valores, se envolver nas estratégias, ganhar responsabilidade, com um perfil de autogestão, e ser capaz de contribuir com a equipe, mesmo se tratando de um estagiário, por exemplo. É a geração do empreendedorismo, seja próprio ou o da empresa, com o sentimento de fazer parte daquele núcleo.
Modelo de gestão humanizado
As startups, na maioria das vezes, são fundadas por empreendedores que fazem parte dessa geração, que acompanham as novidades do mercado e, acima de tudo, pensam em criar cada vez mais inovações. Para isso, é preciso montar uma equipe engajada, atualizada e conectada. Assim, seguem o modelo de gestão humanizado, fugindo um pouco daquele estilo tradicional, em que o líder dá ordens e o colaborador apenas obedece.
A humanização oferece um ambiente de trabalho mais descontraído, sem horários rígidos para cumprir, e o líder atua bem próximo do time, quebrando o conceito de hierarquia. Dessa forma, os membros da equipe assumem o protagonismo, entendem a linguagem do cliente, e a empresa proporciona benefícios como local para jogar vídeo game e fazer happy hours depois do expediente. Essas medidas tornam o ambiente mais leve, fazendo com que os colaboradores entreguem resultados de maneira mais natural, sem tanta ansiedade no que fazem.
Mais do que dinheiro, quem está começando a carreira hoje procura a felicidade no trabalho, ideias inovadoras, e a oportunidade de mostrar suas qualificações – e é isso o que muitas startups também acreditam. Essa é uma tendência que, a longo prazo, chegará às grandes corporações, como os bancos, por exemplo. A empresa que não se atualizar junto com o mercado ficará para trás, e enfrentará dificuldade para encontrar e reter talentos.
*Por Susanne Anjos Andrade, especialista em desenvolvimento humano e sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”. Autora dos best-sellers “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil” (Editora Gente) e “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. É coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) em disciplinas sobre carreira, coaching, liderança, gestão da mudança e transformação digital.