Publicado na Catho em 9/06/16
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O caráter é formado durante o crescimento do indivíduo, desde a educação de berço até o convívio com o outro, no meio ambiente. Isso pode ser transformado a partir de feedbacks recebidos de pessoas próximas, ou mesmo pela auto-observação, quando somos capazes de perceber o quanto perdemos com atitudes antiéticas. Outra forma diz respeito à justiça, às pessoas pagarem pelo que fazem, ao invés de deixar passar de forma impune.
Agora em maio tivemos notícia do crime brutal que aconteceu com a adolescente no Rio de Janeiro, estuprada por mais de 30 homens, que tiveram atitudes mais parecidas com animais selvagens. O pior é que a culpa ainda recai sobre a jovem, no olhar de diversas pessoas. Isso só leva a potencializar a força da pessoa que faz o mal, como se seu ato fosse algo normal.
O escritor Augusto Cury afirma que as pessoas passam a ver tudo de forma “normal”, diante da repetição de comportamentos, o que ele denomina de psicoadaptação; trata-se de um conceito trabalhado por ele a partir de diversas pesquisas sobre o comportamento humano. A invasão ao espaço do outro, sem respeitar limites, sem respeitar os outros, ou a aceitação de atitudes antiéticas passa a ser algo visto como “normal” diante da sua repetição e banalização em nosso dia a dia.
Essas atitudes vão desde crimes brutais aos preconceitos. Desde atitudes na vida cotidiana ao mundo corporativo, quando “chefes” assediam moralmente profissionais que se calam com o medo de perderem o emprego. Essas pessoas passam a se submeter a reações assim quando na verdade deveria ser dado um limite, seja através de feedbacks ou de justiça, processando os agressores.
Agir contra a ética é algo tão comum, nos dias atuais, que se comportar de forma diferente pode ser visto como “fora de moda”.
Além de ter atitudes brutais, muitas pessoas se gabam de seus atos, o que leva a querer divulgar o mal feito como atitude de herói, seja no mundo corporativo ou nas ruas das cidades, como foi no caso referido de estupro. Os criminosos se denunciaram em função do desejo de aparecerem como “heróis”, divulgando o vídeo do crime. Isso tem se repetido, em maior ou menor grau, quando as pessoas querem se mostrar muito mais para as outras do que para si mesmas. É preciso cuidado e assertividade na prática das leis, como exemplo para mudanças em casos assim, mudanças no Brasil e no mundo. O cuidado para que esses exemplos não fiquem registrados de forma a inspirar outros atos.
Precisamos de bons exemplos da justiça e dos cidadãos. Cada um deve fazer a sua parte, começando com a mudança de pensamento daqueles que culpam a vítima. Cabe a cada ser humano assumir atitudes de líderes, sendo exemplos para outras pessoas, fazendo-as refletir e crescer pode reverter esse quadro, levando o outro a refletir mais e tomar consciência de suas ações, ao invés de se comportar apenas de forma repetitiva.
É necessário inspirar ética em nosso país. A ética se refere à postura e à atitude das pessoas em relação ao mundo e está a serviço da felicidade humana, do seu bem. É importante caminho para a realização humana.
Abraços afetuosos,
Susanne Andrade